Covid-19: pelo menos 463 milhões de crianças não fizeram aulas remotas

Pelo menos um em cada três alunos em todo o mundo ficou fora da aprendizagem remota durante os últimos meses de fechamento das escolas por causa da pandemia.   

Os dados constam do estudo “Acessibilidade do Aprendizado a Distancia” lançado esta quinta-feira pelo Unicef.

Bloqueio   

A análise, em 100 países, examinou o aprendizado em casa e as ferramentas tecnológicas necessárias para crianças em idade pré-primária, primária, secundária inferior e secundária superior. 

Quase 1,5 bilhão de alunos foram afetadas pelo fechamento de escolas no auge das medidas de contenção da Covid-19.   

O estudo avalia ainda as limitações da aprendizagem remota analisando o acesso à televisão, rádio e internet. Além disso, examina a disponibilidade de currículos fornecidos a partir dessas plataformas durante o fechamento.

África e Américas     

A pesquisa revela que a África Subsaariana foi a região como maior número de alunos fora da educação a distância. Pelo menos 48% estão na África Ocidental e Central e 49% na África Oriental e Austral. Eles não tinham acesso nem à internet nem ao rádio.   

Já América Latina e Caribe concentram a menor faixa de crianças que ficaram sem aulas remotas: 9%. Mas segundo o Unicef, não existe garantia absoluta que 91% dos alunos participaram do ensino a distância porque durante as entrevistas para a pesquisa com as famílias em países como Argentina, Panamá, Bolívia, Paraguai e Equador, os resultados demonstravam grandes brechas no acesso à internet, computadores, telefones celulares e outras plataformas. Um quadro mais forte em áreas rurais e remotas.   

Mas para o Unicef, o “quadro preocupante sobre a falta de aprendizagem remota” durante o fechamento das escolas é provavelmente bem pior, alerta o Unicef.

Próximas décadas 

A diretora executiva da agência, Henrietta Fore, destaca que um grande número de menores cuja educação foi completamente interrompida por meses, vive uma “emergência educacional global”. Os efeitos disso poderão ser sentidos “nas economias e sociedades nas próximas décadas”.     

E muitas crianças com acesso à tecnologia e ferramentas para aprender de casa, não puderam frequentar as aulas remotas por causa do problema dentro de casa incluindo a pressão para realizar tarefas domésticas, necessidade de trabalhar, distrações e falta de apoio para a aplicação do currículo online ou aulas transmitidas.  

O relatório ilustra taxas variáveis de acesso a esses recursos entre diferentes grupos etários. O Unicef realça que os alunos mais novos estão em maior desvantagem no aprendizado remoto durante seus anos mais críticos de desenvolvimento.  

Cerca de 70% dos alunos em idade pré-escolar ou 120 milhões de crianças foram desprovidas do ensino. Enquanto cerca de 217 milhões de alunos, ou pelo menos 29% dos alunos do ensino fundamental enfrentam essa situação.

Recursos  

No ensino médio,  cerca de 24% dos alunos, ou 78 milhões, estão excluídos.  

O Unicef apela aos governos a dar prioridade à reabertura segura das escolas quando começarem a baixar o nível das restrições. Se isso não for possível, a sugestão é  que se venha a compensar o tempo de aulas que foi perdido com  a continuidade do período escolar e planos de reabertura.  

Para a agência, as políticas e práticas de reabertura de escolas devem incluir a expansão do acesso à educação. Estes envolvem a aprendizagem à distância, especialmente para grupos marginalizados. Outra sugestão é que adaptar os sistemas de educação para resistir a crises futuras.  

O estudo revela que mais de 90% dos Ministérios da Educação adotaram alguma política para fornecer serviços digitais e transmissão de aulas a distância.  

Cerca de 70% de alunos têm recursos para aprender a distância em níveis global e regional. Pelo menos 40% dos países não oferecem essas oportunidades no nível pré-primário.  

Fonte: ONU News.

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