ONU alerta para níveis históricos de emissões de gases de efeito estufa em 2021

Os níveis atmosféricos dos três principais gases de efeito estufa atingiram novos recordes no ano passado, segundo a Organização Meteorológica Mundial, OMM.

Nesta quarta-feira, a agência da ONU  alertou para a maior alta anual nas concentrações de metano. O fenômeno registrado pela primeira vez, em 2021, nunca foi observado desde que as medições sistemáticas começaram há quase 40 anos.

Alta da taxa média de crescimento anual

Quanto ao dióxido de carbono, os níveis estiveram acima da taxa média de crescimento anual da última década durante o período em análise. O Boletim de Gases de Efeito Estufa revela que as concentrações de CO2 no ano passado foram de 415,7 partes por milhão, ppm.

As emissões de metano chegaram a 1.908 partes por bilhão, enquanto as de óxido nitroso alcançaram 334,5 ppb.

Esses valores correspondem a 149%, 262% e 124% respectivamente quando comparados aos níveis pré-industriais. A razão para o aumento excepcional não é clara, mas parece ser resultado de processos biológicos e induzidos pelo homem.

A medição feita pelas mais de 150 estações da rede Global Atmosphere Watch da OMM mostram que esses níveis continuam em alta em todo o mundo.

COP27

Entre 1990 e 2021, o efeito de aquecimento por gases de efeito estufa de longa duração subiu quase 50%, com o dióxido de carbono respondendo por cerca de 80% desse aumento.

Com o relatório, agência espera incentivar os negociadores da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP27, marcada para Sharm el-Sheikh, Egito.

A meta é impulsionar a ambição para se alcançar a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global para bem abaixo de 2º C , de preferência a 1,5 º C, em comparação com os níveis pré-industriais.

A OMM destaca que a temperatura média global está agora mais de 1,1°C acima do nível pré-industrial de 1850-1900.

Contribuições Nacionais Determinadas

Ainda esta quarta-feira, um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Ipcc, revela que as contribuições nacionais determinadas estão levando o planeta a um aquecimento de pelo menos 2,5 º C, “um nível considerado catastrófico”.  As medidas tomadas pelos governos visam combater as emissões e mitigar as mudanças climática.

Os planos climáticos atuais mostram um aumento de 10,6%, após a estimativa de cientistas indicando que para conter o aquecimento global, as emissões de CO2 precisavam ser cortadas em 43%, até 2030, em comparação com os níveis de 2010.

O nível corresponde, no entanto, a uma melhoria em comparação com o relatório do ano passado. A medição revelou um aumento de 13,7% até 2030 e uma alta contínua das emissões após o período.

O secretário executivo da Unfcc, Simon Stiell, disse que a tendência de queda nas emissões esperada para os próximos oito anos mostra que as nações fizeram algum progresso este ano. Mas ressaltou que a ciência é clara, assim como as metas climáticas sob o Acordo de Paris, que o mundo ainda não está “nem perto da escala e do ritmo de redução de emissões necessários para nos colocar no caminho de um mundo de 1,5º C”.

Esperança

Simon Stiell ressaltou que os governos nacionais precisam fortalecer seus planos de ação climática agora e implementá-los nos próximos oito anos.

No ano passado, durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP26, em Glasgow, Escócia, todos os países concordaram em revisar e fortalecer seus planos climáticos. Do total de 193 nações, apenas 24 apresentaram planos atualizados às Nações Unidas.

Este desempenho é considerado “decepcionante”. Para o chefe de Mudanças Climáticas “as decisões e ações do governo devem refletir o nível de urgência, a gravidade das ameaças que enfrentamos e a brevidade do tempo que nos resta para evitar as consequências devastadoras das mudanças climáticas descontroladas.”

A boa notícia é que a maioria dos países que apresentaram um novo plano reforçou seus compromissos, demonstrando mais ambição no enfrentamento das mudanças climáticas. A UnfcceguevanmzEGUEVANE considera que esse fato é um “vislumbre de esperança”.

Com ONU News.

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