Pessoas com HIV têm o dobro de risco de morrer por Covid-19

Um relatório global do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids, Unaids, revela que as pessoas vivendo com o vírus têm o dobro de risco de morrer de Covid-19 do que a população no geral. 

Na África Subsaariana, onde vivem 67% das pessoas com HIV, menos de 3% já receberam pelo menos a primeira dose da vacina contra o coronavírus.

Crianças  

Ao mesmo tempo, serviços de prevenção e de tratamento não estão chegando a quem precisa, incluindo crianças e adolescentes. Ao divulgar o levantamento, esta quinta-feira, em Genebra, o Unaids destacou que 800 mil crianças soropositivas estão sem tratamento. 

A agência da ONU lembra que as vacinas contra a Covid-19 “podem salvar milhões de vidas nos países em desenvolvimento, mas estão fora do alcance, já que países ricos e corporações estão com o monopólio da produção e da distribuição dos estoques, pensando no lucro”.

Fracasso 

Para a diretora-executiva da Unaids, Winnie Byanyima, o mundo “fracassou em aprender com as lições do HIV, quando milhões morreram pelas desigualdades no acesso a medicamentos”. Ela disse que isso é “totalmente inaceitável”.  

O novo relatório mostra que os confinamentos e as restrições impostas com a pandemia prejudicaram bastante a testagem do vírus.  

Em KwaZulu-Natal, na África do Sul, por exemplo, houve queda de 48% nos testes de HIV depois do primeiro confinamento nacional, imposto em abril de 2020.

Grupos de risco  

O total de diagnósticos e de pacientes iniciando tratamento também caiu. Segundo o Unaids, milhares de funcionários de centros de saúde deixaram de fazer os testes de HIV para fazer a testagem de Covid-19.  

O relatório mostra também que em 2020, 1,5 milhão de novas infecções pelo vírus aconteceram entre parceiros sexuais. Cerca de 65% dos novos casos foram confirmados entre usuários de drogas, transgêneros, trabalhadores do sexo e homens que têm relações com outros homens. 

O Unaids informa ainda que esses grupos continuam sendo marginalizados e por isso, acabam ficando sem acesso ao tratamento.

Pobreza  

A média global de pessoas com HIV recebendo a terapia chegou a 74% entre os adultos, mas a cobertura atingiu apenas 54% das crianças soropositivas.  

O relatório destaca ainda que a pobreza e a falta de acesso às escolas são grandes barreiras aos serviços de saúde. A pobreza, por exemplo, impulsiona a migração, que tem um impacto severo no acesso ao diagnóstico e tratamento de HIV. 

Winnie Byanyima declarou que os “bilionários estão navegando em seus iates nas mesmas águas do Mediterrâneo onde os migrantes se afogam”. 

Ela lembra que isso não pode ser aceito como o “novo normal” e pede ao mundo que “confronte essas terríveis desigualdades, em prol do respeito aos direitos humanos básicos”.  

Fonte: ONU News.

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